“Por
um momento pensei que fosse ficar ali para sempre, a te observar e observar sem
poder te tocar nem falar com você. Não sei ainda o porquê de não poder te ver.”
Nesse
pequeno momento são 23:30 da noite e só se escuta essa voz dentro da sala mas
mesmo assim não tem ninguém. Sente-se também, alguém observar a sala lá de
cima, lá do alto das nuvens mas, não sabe-se quem seja.
A sala neste momento está diferente. São
quase meia noite e o seu cheiro está suave. Tem cheiro de rosas no ar, não
rosas comuns, mas rosas de um casamento. Sons começam a serem ouvidos. Sinos de
uma igreja começam a tocar. Começasse a ouvir também toque de violinos no ar.
De repente uma moça linda de pela clara,
cabelos encaracolados e presos, de uma forma bem bondosa, sai do espelho que na
sala se encontra. Vagarosamente ela vai aparecendo na sala e ao olhar para o
chão pega o tal objeto desconhecido que ali estava. É um prendedor de prata em
forma de borboleta. A moça pega-o e coloca-o na cabeça para prender seu véu.
Sim, ela está com um vestido lindo de
casamento. Ele é branco e bem enorme. Não é armado mas, também não é totalmente
liso. Ele tem detalhes de prata e quando a luz bate ofusca em quem vê.
Quando ela olha para a janela o brilho d alua
faz seus olhos clarearem e percebe-se que são cor de mel. Com esses olhos ela
observa a mesa e um buquê de rosas laranja que ali estão. Ela pega-o e olha
para sua frente.
A sala não parece mais a mesma. Nesse momento
ela é o altar de uma igreja. Tem cadeiras e pessoas nelas. Há um tapete
vermelho que leva até o altar. E lá há um padre e um homem. Ele está de terno
preto e com um sorriso enorme no rosto. Seus olhos são negros e brilhantes, sua
pela é morena e seu cabelo é enrolado.
Ao olhar pra frente, a linda moça sorri e ao
som dos violinos ela caminha até o tal homem e o padre, devagar e
cuidadosamente.
De repente este cenário vai se desfazendo
pouco a pouco. As pessoas começam a ficar com expressões tristes e a sumir. O
padre e o noivo rapidamente vão-se embora como uma imagem. O tapete vermelho se
desintegra virando fumaça vermelha. A música lenta e agradável se vai como se
nunca tivesse aparecido. O cheiro de rosas desaparece dando lugar ao cheiro de
medo da sala tenebrosa.
A moça, ao olhar para o espelho, está com seu
vestido rasgado e desbotado. As flores de seu buquê estão murchas e seus
cabelos bagunçados. Sua pela está pálida e seus olhos não brilham mais, e ao
olhar para a sua cabeça apenas o prendedor brilha e é um brilho único. Um
brilho que nem a lua pode ter.
Mesmo com esse brilho a expressão da linda
moça muda e se torna uma expressão triste e de solidão. Por um momento seus
olhos param de brilhar e lágrimas começam a escorrer, até que ela ouve um
barulho de alguém que bate na janela. Ela olha, mas nada vê.
O barulho cessa e a luz apaga de vez. A moça
está assustada porque uma sombra rápida o bastante para ela ver passa pela sala
e para em frente ao quadro. Começa a escrever algo, rapidamente para e logo vai
embora e por obrigação.
A luz acende outra vez e a moça se levanta e
caminha até o quadro. Ao olhar para ver o que está escrito, leva um pequeno
susto e lê em voz alta: “Te observo dia e noite. Te sinto dia e noite. Te
desejo dia e noite. E te amo até o julgamento final. – Seu Bem Amado”
Seu choro cessa, mas a tristeza não. Ela
então por um impulso se vira e caminha até o armário. Puxa o pano que o cobre,
abre a porta e se vai escuridão á dentro deixando um rastro de tristeza e
solidão naquela sala.
A sala não é a mesma de antes. Ela parece
mais solitária e mais triste. O cheiro de medo é mais forte e os mesmo objetos
lá estão. Dessa vez, penas negras são um rastro do espelho até o armário. E o
pequeno quadro com a foto de um casal está no chão quebrado e com gotas de
sangue.
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