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Ela se
levantou e percebeu mais uma vez que ele não estava na cama, ainda assim o seu
lado ainda estava bagunçado.
Já tinha
se passado duas semanas e ela não entendia como esse Deus, que sabia tudo que
iria acontecer na vida de cada um, poderia ter tirado do seu caminho alguém que
amava tanto.
A morte é
a única certeza sim, mas é a pior dor do mundo para as pessoas.
Caminhou
até o banheiro, se olhou no espelho e viu as olheiras que a acompanhava, seu
cabelo ressecado e seu estado deplorável.
Respirou
fundo, e acabou percebendo que cometeu o mesmo erro, pois sentiu o cheiro dele
mais uma vez e em mais uma manhã as lágrimas inundaram seu rosto, a chuva
inundou sua vida e a escuridão cobriu sua alma. Olhou para o lado e viu tudo
que ele deixara no mesmo lugar antes daquela noite fatídica. Seu perfume pela
metade, sua escova de dentes desgastada e seu barbeador. Não entendia como
ainda deixou tudo ali. Talvez quisesse permanecer com esse sofrimento, achando
que estar feliz seria audácia demais.
Desceu as
escadas sem acender a luz, não verificou se a porta estava trancada, não sentia
fome, então não fez café da manhã. Sentou em sua cadeira de sempre, olhou para
a TV desligada e chorou mais um dia inteiro, sem pensar no que faria depois.
(A Sonhadora)
(A Sonhadora)